Esse é o primeiro artigo da série Encontros e Contornos, no qual vou expor minha opinião baseado na leitura do livro de mesmo nome sobre os seguintes assuntos:
- O perfil do professor de Língua Inglesa: um estudo de caso sobre suas percepções e formação;
- What’s the purpose of reading comprehension lesson?
- A escolha do material didático: critérios e prioridades;
- You’re advanced now. Deal with it.
O livro Encontros e Contornos foi um presente dado pela CNA São Paulo para a livraria do Inglês na Rede. Para saber mais sobre ele, recomendo que leia esse artigo.
A primeira pergunta que pode surgir lendo o título desse artigo é: que diferença faz saber o perfil do professor de inglês? Como isso vai me ajudar? Eu vejo muitas vantagens, uma delas é quando estamos procurando uma escola de idiomas, seja para aprender inglês ou outro idioma qualquer.
Em um artigo de 2007, Denilso de Lima compartilhou em seu Blog dicas para escolher um bom curso de inglês. Uma das suas primeiras dicas na hora de avaliar o curso foi sobre a escolha certa do professor. Muita das dicas que Denilso compartilhou naquele artigo pude observar na leitura do livro Encontros e Contornos.
Também notei algumas questões interessantes sobre o perfil atual do professor de inglês no Brasil. Vou compartilhar essas informações com vocês neste artigo.
Perfil atual do professor de inglês
Algo que pude observar na leitura do artigo foi que a profissão de professor de inglês está cada vez mais sendo exercida por profissionais de outras áreas.
Além disso, muitos não têm formação em Letras, especialização ou mesmo experiência no exterior. Basicamente são professores jovens, vindo de outras áreas e que amam a língua inglesa e tem paixão em compartilhar o que sabem.
Eu particularmente não tenha nada contra esses professores, a questão que faço é: até que ponto a formação acadêmica vai influenciar em como o professor leciona suas aulas e na qualidade dessa aula dada aos alunos e estudantes de inglês?
Qual é de fato a importância da formação acadêmica para um professor de inglês? Vejamos se encontramos a resposta.
A importância da formação acadêmica
Um ponto interessante que as autoras do artigo trazem sobre a formação acadêmica, está na diferença do professor com formação e o professor sem formação.
“[…] o professor que recebe treinamento e aquele que procura se desenvolver … tem uma postura mais reflexiva sobre a sua prática.”
Elas completam:
“Acredita-se que essa … reflexão e ação … [são] discutidas nos treinamentos e compartilhadas entre os profissionais.”
Para temos uma noção desse cenário, basta olhar para os dados da própria pesquisa realizadas pelas autoras do artigo. Dos 17 pesquisados, 12 deles afirmaram que é importante ter formação, embora não achem fundamental.
As principais vantagens do professor formado para o não formado de acordo com as autoras do artigo são:
- Eles têm uma capacitação específica;
- Os professores entendem as necessidades dos alunos;
- Eles têm um enfoque pedagógico do ensino;
- Há uma orientação sobre as didáticas e metodologias que ajudam a formar a pessoa.
A princípio, achei difícil entender por que a pessoa trabalha como professor de inglês, mas não tem interesse em se aprofundar na área que atua. Porém, a resposta para esse dilema encontrei nos motivos dos entrevistados da pesquisa em lecionar e se eles pretendiam mudar de profissão no futuro próximo. Vejamos:
Motivo para lecionar e pretensão de mudança de profissão
A pesquisa realizada pelas autoras mostra que 73% dos professores pesquisados têm vontade de mudar de profissão. E o principal fator para ainda continuarem como professores são motivos financeiros. Ou seja, eles ensinam para complementar a renda do mês.
O ponto negativo que encontrei é: será que a profissão de professor de inglês está virando uma profissão de complemento de renda? Uma profissão que atuo durante a noite ou final de semana depois de realizado os trabalhos na atividade principal.
Se observarmos bem, um dos motivos citados que fazem esses profissionais a terem pretensão de mudarem de área está na falta de reconhecimento da profissão. O que na minha visão, desmotiva esses profissionais a querer atuar full time na função.
Tudo isso nos leva a última pergunta da pesquisa: o que é ser um professor de inglês? Se ser um professor de inglês aparentemente não é lucrativo, o que faz esse profissional trabalhar com isso? Vejamos o que as pesquisadoras descobriram.
O que é ser um professor de inglês?
Através da leitura do artigo, fiquei surpreso em saber que o professor tem muito mais papeis na sociedade que imaginamos. De acordo com Richards e Lockhat (citados no livro):
“O papel do professor primeiramente é um papel ocupacional, predeterminado pela natureza das escolas e do ensino. Professores interpretam seus papéis de diferentes maneiras, dependendo dos tipos de escola nas quais trabalham, dos métodos de ensino que aplicam, da personalidade de cada um e do seu background cultural.”
Trecho retirado do livro Encontro e Contornos.
Ou seja, o professor é muito mais do que um transmissor de conhecimento. É esse profissional que muda o indivíduo, a sociedade, ajuda no crescimento da educação e consequentemente da nação/sociedade.
As respostas dos pesquisados a essa pergunta foi das mais variadas. Entendi também que cada um tem sua visão própria sobre o que é de fato ser um professor de inglês, porém todos mostraram um interesse profundo na língua inglesa e no objetivo de ajudar as pessoas a se tornarem melhores.
Resumindo
Ser professor de inglês não é tarefa fácil. É uma profissão que precisa ser mais valorizada e melhor remunerada. No artigo que Denilso escreveu em 2007, ele cita alguns requisitos que o professor precisa ter e que recomendo a leitura para entender também.
Só saber falar inglês fluentemente ou viajar para o exterior aparentemente não são suficientes. Essa pesquisa mostra que temos que pensar e pesquisar mais. Além disso, temos que levar em consideração vários fatores quando vamos escolher a escola de idioma que for estudar ou mesmo o professor particular que irá contratar.
Por hoje é só. Fiquem ligado nos próximos artigos da série Encontros e Contornos.
Cya! =)
Eduardo Souto
Renato!
Ótima postagem cara! Congrats!
Renato Alves
Obrigado Eduardo! Fica ligado que ainda tem as outras da série. =)
Poliana Dantas
Oi, Renato! Adorei seu texto! Gostaria de saber como a gente adquire esse livro “Encontros e Contornos”? Fico no aguardo! Abraços!
Renato Alves
Olá Poliana, você já tentou em alguma Livraria? Confesso que não sei bem se existe um lugar específico. O meu eu recebi via Correios pelo pessoal da CNA. =)
Thaís
Tenho meio que um certo trauma de professor de inglês brasileiro! Ensinam muito bookenglish, muita gramática e aí as pessoas desanimam, acreditando que inglês é a soma de todas as regras gramaticais possíveis… Nunca tive aula com professor brasileiro que incentivasse seus alunos a ouvir podcast, videos no YouTube, rádios internacionais… Aí tem uma galera fazendo aula no ‘Avançado’ que mal consegue formar uma frase sem 10 ahhh, ehhhh, ãhhhh! Não sabem vincular uma frase à outra (words of connection), dá até pena… de mim, pagando para ter que conviver com isso…
Todas as dicas mais importantes que fizeram meu inglês dar um salto foram obtidas na Internet… inclusive neste blog! Ano passado fiz uma imersão e me vi explicando para um americano porque usamos muito mais cartão de débito que de crédito, ou porque nós no Brasil temos alguns ‘probleminhas’ com nossos hermanos argentinos… por que eu sou ótima? Não, porque I don’t speak bookenglish e não foram professores ‘regulares’ que me ensinaram isso!!!
Não quero generalizar, mas a educação em geral no Brasil precisa melhorar MUITO e a de inglês como segunda língua precisa ser simplesmente reinventada!
Dara
Congratulation! Seu artigo é ótimo, também sou professora de inglês e compartilho algumas das mesmas situações que você abordou, especialmente ao fato de termos que concorrer vagas de emprego com pessoas que não são da área, e que consideram-se muitas vezes melhores do que os formados para isso, uma situação simplesmente patética ao meu olhar crítico.
Renato Alves
Exatamente! Embora não seja professor, concordo plenamente. É uma triste realidade que os professores de inglês sofrem no mercado atual. 🙁